Luiza sempre quis correr, brincar de esconde-esconde, andar de bicicleta e passear de mãos dadas junto da mãe, Marcela Mantovani. Porém, ela não podia atender aos desejos da filha, porque há 13 anos sofreu um grave acidente automobilístico que resultou em um nível de amputação transfemoral, o que impossibilitava boa parte das brincadeiras comuns entre mãe e filha.
Convivendo com a amputação, Marcela diz que procurou ao máximo evitar se abater. “Estive a beira da morte na UTI, e quando me recuperei, agradecia todos os dias por poder ver o céu azul, porque aquilo representava uma nova chance de vida”, conta.
Por não se abater, Marcela seguiu em frente e superou inúmeros obstáculos. Em 2009, 5 anos após o acidente, ela se casou e 5 anos mais tarde, Luiza veio ao mundo. “O aprendizado nesses 13 anos de amputada, superando todos os obstáculos, me fez crescer muito como pessoa. Hoje sou mais madura e muito mais forte. Sou grata a Deus por estar aqui”, comenta.
A maior dificuldade que enfrentou foi a adaptação as próteses ortopédicas. Por 12 anos ela preferiu usar muletas, porque causa das dores. “Fazia tudo com as muletas, cozinhava, lavava e estendia roupa, pois já estava acostumada. As próteses ortopédicas me causavam muitas dores e eu não conseguia usá-las por mais de 5 horas por dia”.
Marcela ganhou ânimo após o casamento, e começou a buscar meios para conseguir utilizar a prótese ortopédica. Primeiro, cuidou da saúde e em cerca de um ano, perdeu 27kg. “A questão do peso também era algo que me atrapalhava bastante, pois era uma carga maior para a perna”, afirma.
Logo em seguida ela conheceu a paratleta Camille Rodrigues, que a levou até a Conforpés. Lá, em contato com Nelson Nolé, começaram os preparativos para a confecção de sua nova prótese ortopédica. “A ajuda dele foi fundamental para meu processo de adaptação”, declara.
O primeiro passo foi uma cirurgia para remover o excesso de pele no coto, o que aumentava a dor durante o tempo de adaptação as próteses ortopédicas. Em seguida, Marcela passou 3 dias em Sorocaba, sede da Conforpés, preparando o molde para o encaixe. “Fizemos os ajustes necessários, ate que chegamos no encaixe perfeito, e hoje consigo utilizar a prótese por até 12 horas seguidas”, explica.
Além do conforto e qualidade de vida, Marcela também voltou a fazer algo que amava: usar salto alto. “Fui ao shopping com minha filha e foi emocionante poder voltar a usar, depois de 13 anos, um salto alto. Na verdade, este salto que estou usando é mais importante para mim, do que os mil que usei antes da amputação. Pelas experiências que passei, pelos obstáculos que venci e pela importância que, hoje eu sei, as pequenas coisas possuem. Aproveito cada momento ao máximo, e foi assim com essa prótese de salto alto”
Ainda assim, apesar de todas as novas experiências pelas quais Marcela tem passado, o principal resultado, até agora, foi que pela primeira vez conseguiu andar de mãos dadas com a pequena Luiza. “Tudo o que eu faço é por ela. Cada luta, cada obstáculo vencido e cada dia vivido”, admite.
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