O que a prótese significa para um amputado? Isso depende muito de cada um, mas para a moradora de Passo Fundo (RS) Gabriela, de 32 anos, usar a prótese é muito natural, faz parte do seu corpo e só fica sem a prótese para tomar banho ou quando está em casa, tirando isso está sempre usando.
“Eu nasci com uma má formação então a minha deficiência é de nascença, as pessoas olham, alguns discriminam, mas eu penso que cada um dá aquilo que tem e muitas vezes não é por mal, é que a pessoa não conhece, nunca viu e olha por curiosidade.” conta Gabriela.
A primeira prótese de Gabriela foi aos 12 anos, bem na fase de criança para adoslecente e no início teve um pouco de dificuldade. Batia nos móveis por não ser acostumada com aquele braço comprido, a princípio sua mãe tirou algumas coisas do alcance para evitar que quebrasse, isso até se adaptar melhor com a prótese.
“Eu quis usar prótese primeiramente pra me sentir como os outros, eu questionava muito a minha mãe,meu pai e minha família, porque que todo mundo tinha as duas mãos e eu só tinha uma, porque hoje em dia você vai e pesquisa na internet e acha um monte de gente como você mas quando eu era criança não tinha isso, então eu queria ver alguém como eu, eu queria ser igual as pessoas, sempre dizia que eu queria ter as duas mãos.” relata Gabriela
Situações de preconceito são comuns para os amputados e com a Gabriela isso já aconteceu algumas vezes, quando pequena, na hora de organizar uma brincadeira, uma das crianças disse que ela não podia brincar porque para isso precisava das duas mãos. Para Gabriela, ainda criança, foi difícil de entender, mas depende muito de como você analisa essa situação, é preciso aprender a se adaptar e a ser resiliente.
A Conforpés chegou na vida de Gabriela em um segundo momento com a prótese, e isso já faz quase 20 anos, a empresa apresentou a ela esse mundo que tanto tinha curiosidade de conhecer, que é onde estava incluída.
Em Sorocaba teve oportunidade de conhecer pessoas, com isso sua cabeça e seus horizontes se abriram, foi possível ver que tem muitas pessoas como ela, pessoas com amputações diferentes.
“A Conforpés é um lugar em que eu me sinto muito bem e que faz parte totalmente da minha vida e da minha história e vou sempre falar muito bem e ter um respeito e uma admiração muito grande, foi a Conforpés que ajudou eu a ter a auto estima que eu tenho hoje, a me aceitar, a ser feliz assim como eu sou. Eu costumo dizer que a pessoa que tem uma deficiência ela não é deficiente, ela é uma pessoa que tem uma deficiência, então eu me olho inteira, porque as próteses além delas serem perfeitas e atender o que a gente quer elas fazem você se sentir ao mesmo tempo diferente, mas um diferente especial.” comenta Gabriela
Atualmente ela é funcionária pública estadual, trabalha na procuradoria geral do estado e entrou nas vagas reservadas para pessoas com deficiência, formada em administração, conta que nunca viu empecilho em estudar, em se preparar e em trabalhar em bons lugares.
“Por várias vezes pensei em parar, pensei que era uma coisa muito distante o concurso, porque quando falam em concursos, tem que estudar e por várias vezes você pensa que não é para ti, que não tem capacidade, mas todo mundo tem. Existem dois tipos de pessoas que fazem concurso, aquelas que desistiram antes de entrar e aquelas que não desistiram até entrar, eu penso assim.” comenta Gabriela
Gabriela conta que tem muito orgulho de si mesma, quando pensa onde está hoje sabe que já sonhou com isso e não parou por aqui, pretende continuar se preparando, tem alguns sonhos, mas é um passo de cada vez.
A atividade física entrou na vida de Gabriela quando ela queria emagrecer, mas acabou virando uma paixão e hoje ela pratica todos os dias. Além da musculação, ainda faz fisioterapia funcional e é atleta de corrida, sua paixão é tão grande que atualmente já está correndo meia maratona.
“Você começa a correr geralmente para emagrecer e isso depois vira um detalhe porque o negócio acontece, é saúde, é as amizades que tu cria, é o se superar. Eu gosto muito dessa coisa de me superar sabe, não é mostrar para os outros, é mostrar mim que eu posso, eu acho que aquilo que não te desafia não te transforma e eu vejo isso na corrida, cada quilômetro a mais é muito bom.” fala Gabriela
A atividade física traz diversos benefícios aos amputados, entre eles: agilidade, equilíbrio, força muscular, coordenação motora, resistência física, velocidade, autoestima e integração social.
“Eu sou assim e ela me leva, já me levou e vai continuar me levando a lugares, situações, a conhecer pessoas, tudo isso com a prótese. Através da Conforpés e com a prótese eu já fui até a Fátima Bernardes, então o mundo para a prótese que me foi apresentado é fascinante, lugares, pessoas e situações, aprendi muito, muito muito, muito usando essa prótese.” diz Gabriela
A missão da Conforpés é proporcionar qualidade de vida e autonomia para os deficientes físicos e combater o preconceito da sociedade, por isso produzimos diversos conteúdos aqui no Blog, no Youtube e em nosso Instagram, acompanhe você também.