As mudanças após a amputação são significativas e marcantes. Aqui você vai encontrar o que esperar, etapa por etapa.
Seja qual for o motivo da amputação, passar por esse processo não é nada fácil. Os desafios psicológicos são inúmeros, a rotina muda e até a maneira com que as pessoas te tratam passa a ser diferente também.
Vale lembrar que cada caso é único e devemos respeitar as particularidades de cada um, porém, como estamos acostumados a lidar com a reabilitação de amputados há mais de 50 anos, decidimos separar as fases que percebemos que todo amputado vai enfrentar durante a vida.
Saber dessas etapas é primordial para que você tenha uma certa noção de como será o seu tratamento e o que te espera pela frente. Então, vamos lá?
Fase 1 – O dia da amputação
Independente de etnia, religião, orientação sexual e até mesmo idade, todos estamos suscetíveis a encarar uma amputação.
Em casos de acidentes de trânsito ou acidentes de trabalho por exemplo, a amputação acontece de forma tão imediata que o paciente praticamente não tem tempo para se preparar psicologicamente para a nova rotina que está por vir.
Já em situações decorrentes das complicações da diabetes, como a síndrome do pé diabético, ou malformações congênitas, como a hemimelia fibular, o paciente e sua família podem começar a se preparar antecipadamente para a cirurgia.
Isso não quer dizer que a psicoterapia se faz menos necessária só porque a amputação foi pré-agendada. Em muitos desses casos as mudanças psicológicas são ainda maiores e a duração do tratamento é mais longo do que em amputações traumáticas.
De qualquer forma, o acompanhamento com um psiquiatra ou psicólogo é muito importante, assim como ter o apoio das pessoas mais próximas também.
Fase 2 – Fisioterapia Pré-Protetização
A fisioterapia de modo geral é o tratamento voltado para a prevenção de doenças e lesões, causadas principalmente por fraturas, tensões musculares, malformações e especialmente amputações.
Nosso fisioterapeuta Raphael Sancinetti destaca a saúde do coto como um dos objetivos principais da fisioterapia pré-protetização.
“Nesse momento vamos cuidar do coto do paciente realizando massagens de dessensibilização e alguns outros exercícios para preparar essa região para as próteses ortopédicas”, explica Sancinetti.
Independente do nível de amputação, o fisioterapeuta salienta que nessa fase o primordial é estimular o metabolismo do amputado para reduzir ao máximo a possibilidade de desenvolver edemas, ou seja, evitar que líquidos se acumulem no coto.
Fase 3 – Próteses Ortopédicas
Cadeiras de rodas e muletas são frequentemente utilizadas por amputados de membro inferior que não podem investir em próteses ortopédicas, porém não podemos nos esquecer que mesmo com essas adaptações, as próteses são a única garantia de qualidade de vida, conforto e autonomia para muitas pessoas.
Para os amputados de membro superior por exemplo, a tecnologia biônica é praticamente uma das poucas alternativas para a independência do paciente, já que as próteses estéticas servem apenas para apoiar objetos pequenos e leves, além de manter o aspecto fisiológico dos demais membros também.
O tempo de adaptação às próteses varia muito de pessoa para pessoa, já que a idade do paciente, o nível de amputação, níveis de atividade, sistema de prótese e a sensibilidade do coto são determinantes neste período.
O importante é manter a cabeça erguida, não ter vergonha de usar as próteses e contar sempre com o apoio do seu fisioterapeuta, ortopedia e familiares durante o seu tratamento para alcançar a tão sonhada reabilitação.
Fase 4 – Fisioterapia pós protetização
Se o objetivo da primeira fase da fisioterapia era preparar o coto para receber a prótese, o propósito dessa segunda etapa é de te familiarizar ao máximo com tais dispositivos.
Dessa maneira, todos os membros corporais que não foram estimulados antes serão trabalhados neste momento, bem como exercitar o equilíbrio e força do amputado também.
Para quem tem amputação de membro superior, os movimentos de pinça e outros mais simples, como pentear o cabelo e segurar um garfo, por exemplo, são amplamente testados.
Já para os amputados de membro inferior, alcançar uma marcha harmônica, subir e descer escadas é essencial.
Fase 5 – Síndrome do Membro Fantasma
De um modo simplificado, a síndrome do membro fantasma é uma condição neurofisiológica que te possibilita continuar sentindo fortes dores na região amputada.
É como se você continuasse sentindo seu braço ou perna mesmo depois da amputação.
Apesar de não ser regra, essa síndrome atinge cerca de 66,6% dos amputados e as chances de você sentir tanto a dor, quanto a sensação fantasma, são grandes.
Para entender melhor como ela funciona, imagine um computador conectado em uma impressora. Imaginou? Agora imagine que você cortou os fios que ligavam estes dois dispositivos. O quê vai acontecer? Simples: o computador vai continuar reconhecendo a conexão, mesmo com os fios danificados. É basicamente o que acontece entre nosso cérebro e o membro amputado.
Uma falha de comunicação que neurologicamente causa fortes dores e sensações numa área que já não existe mais, por isso o nome de síndrome fantasma.
As causas para que tal condição aconteça ainda são desconhecidas, mas sabe-se que os amputados de origem traumática sãos mais suscetíveis devido à violência em que ocorreu a amputação.
Fase 6 – Reabilitação
A reabilitação é como se você ganhasse na loteria. Diria até que a sensação é melhor, porque como pudemos ver, não é um caminho nada fácil de ser trilhado, certo?
Mesmo que você esteja bem adaptado às próteses, existem alguns cuidados para você continuar livre de dores e manter sua liberdade e independência em dia.
Realizar periodicamente a manutenção das próteses, por exemplo, é primordial para que sua reabilitação seja completa. Manter o coto higienizado diariamente com água morna e sabonete neutro, além de manter o ph da pele em equilíbrio, também evita que você desenvolva infecções ou inflamações na pele, por exemplo.
Além disso, tenha o hábito de frequentemente observar o seu coto com um espelho, procurando por pequenas alterações que podem surgir e prejudicar todo o seu tratamento, combinado?
Você pode aprender mais cuidados com seu coto e prótese ortopédica através do nosso Guia Completo do Amputado, o único material gratuito da internet sobre este assunto.
Como citado acima, essas foram algumas fases que percebemos que nossos pacientes frequentemente enfrentam após a amputação, mas isso não quer dizer que será assim com todo mundo, já que cada paciente é único e cada história singular.
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